Por Sérgio Cabral –
Esse ano completa-se 50 anos da fusão dos estados da Guanabara e do estado do Rio de Janeiro.
No dia 1º de março de 1975, a fusão foi implantada, em decorrência de um decreto presidencial de julho de 1974, da lavra do general presidente Ernesto Geisel.
A população não foi consultada. Anos depois, questionado, o general Geisel deu a sua explicação: “já estava nas minhas cogitações antes de assumir a presidência da República. Já era um assunto que se analisava e desde então foi acertado. (…) Estudou-se como se tinha de fazer e preparou-se a legislação. Reclamam de eu não ter feito um plebiscito. Ia ser dispendioso e eu não pretendia mudar minha opinião”. Uma explicação coerente de um dos próceres dos 21 anos de regime militar que tanto atrasou o Brasil.
O Rio, atual capital do estado, sempre foi recortado e renomeado diversas vezes. Sede da colônia, do império e da república, perdeu essa condição em 1960, quando a capital foi transferida para Brasília.
Ao som da bossa nova, sob a proteção do santo padroeiro da cidade, São Sebastião, o Rio foi flechado pelo governo de Juscelino Kubitscheck. Fomos alvos do Brasil democrático e do Brasil autoritário. Sem nenhuma consulta feita ao povo brasileiro sobre a mudança da capital, em 1960, como também à população dos dois estados fundidos, em 1975.
Em 1995, como presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio, promovi parceria com o CPDOC- Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da FGV – Fundação Getúlio Vargas. Criamos o Núcleo de Memória Política Carioca e Fluminense. O saudoso professor Carlos Eduardo Sarmento, junto com os professores Marly Silva da Motta, Marieta de Moraes e Américo Freire, entre outros, lideraram essa parceria que deu grandes frutos nos meus oito anos como presidente da Alerj. Biografias de personalidades políticas foram produzidas, como a do governador Chagas Freitas, que governou a Guanabara de 1970 a 1974, e o novo estado do Rio de 1978 a 1982, e a biografia do político e magistrado Jorge Loretti, que foi secretário de Estado, tanto no antigo estado do Rio, cuja capital era Niterói, como no novo estado do Rio; assim como presidiu o Tribunal de Justiça, no biênio 91/92 e o Tribunal Regional Eleitoral, no biênio 93/94. Além desses livros, há biografias de outras personalidades políticas publicadas pelo Núcleo da Alerj/CPDOC.
Em 2000, realizamos uma semana de debates sobre os 25 anos da fusão. O Vice-Almirante Faria Lima compareceu ao evento. Ele havia sido o interventor-governador nomeado pelo regime militar para implantar a fusão. Estava na presidência da Petrobrás, sucedendo o próprio Geisel, quando foi convocado a Brasília e lhe foi dada a missão pelo general-presidente, assim ele descreveu sua surpresa pelo convite.
No executivo, prossegui na parceria com o CPDOC da FGV. Pela FAPERJ, Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, financiamos a publicação do Dicionário da Política Republicana do Rio de Janeiro,onde pode-se conhecer os personagens da política do nosso estado, e suas trajetórias, de 1889 a 2009.

Coordenado pela socióloga Alzira Alves de Abreu e pela cientista política Christiane Jalle de Paula, o dicionário foi resultado de dois anos de intenso trabalho de pesquisa, que envolveu mais de 70 pesquisadores do CPDOC.
Busquei dar à capital do estado sua vocação para o turismo de grandes eventos como os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Para-Olímpicos, além de centenas de eventos internacionais nas mais diversas áreas da atividade humana.
Trouxemos para a Ilha do Fundão diversos centros de pesquisa, como da L’Oreal e General Eletric, entre tantos outros.
Investimos em todas as cidades da região metropolitana. Na infraestrutura com programas como o Bairro Novo e Asfalto na Porta. Renovamos a frota de barcas e trens, além de duplicar a extensão do metrô. Implantei o Bilhete Único Intermunicipal para todas as cidades do Grande Rio. Com isso, os moradores das cidades vizinhas à capital deixaram de ser discriminados na luta pelo emprego, por conta do custo de seus deslocamentos.
No interior, criamos o programa Somando Forças. As cidades definiam suas obras prioritárias e o governo do estado repassava 95% do valor da obra para o município executá-las.
Uma atenção especial foi dada ao Noroeste Fluminense, região com o menor IDH do nosso estado. No sul, potencializamos a indústria com a vinda das fábricas automotivas da Nissan e Land Rover, entre muitas que atraímos para o estado. Na agricultura realizamos a agregação de valor com a atração de fábricas de laticínios para o fortalecimento do setor agropecuário. Além de um ousado programa, Estradas da Produção, onde estradas viscinais foram recuperadas e muitas rodovias foram inauguradas e recuperadas.
A segurança pública cumpriu papel chave para que as políticas públicas fossem desenvolvidas em todo o estado. Sem a sua eficácia não era possível alcançar os nossos sonhos. Assim como a valorização dos servidores públicos do estado. Sem eles não seria possível implementar as políticas públicas desejadas.
Na saúde foram 6 novos hospitais e mais de 50 UPAs 24 horas; na educação pública centenas de unidades escolares retrofitadas e dezenas de novos colégios. Alcançamos a lista dos 5 melhores estados do Brasil, no IDEB, na quarta posição em empate técnico com o terceiro estado. Éramos o vice lanterna, na 26ª posição.
Inspirado no mestre Paulinho da Viola, tomo carona no seu grande samba sobre a Portela para dizer que se eu for falar do meu amado estado do Rio de Janeiro “hoje eu não vou terminar”.
Vamos aproveitar os 50 anos da fusão do estado para um balanço sobre essa trajetória e qual o planejamento e perspectivas para os próximos 50 anos.
SÉRGIO CABRAL FILHO – Jornalista e Consultor Político da Tribuna da Imprensa Livre.
Instagram @sergiocabral_filho
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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